quinta-feira, 16 de maio de 2013

Com a palavra, o rei

"Cês sabem que as canções nascem pelos mais diversos motivos ou circunstânceas, mas existem músicas que fazemos para outros compositores. Eu tava diante de uma entrevista de Jorge Ben Jor na qual ele dizia, ou alguém dizia, ou alguém dizia sobre ele, não me lembro bem, que ele jamais fez uma música triste. Puta! Achei aquilo lindo, cara. O cara nunca fez uma música triste; não é lindo isso? E aquilo me deu um sentimento de inveja boa, eu falei "que danado, rapaz". Eu procurei a música na qual eu tivesse mais alegria, aquela música na qual não vazasse a mínima nostalgia, a mínima melancolia, e aí achei. [...]"


Sem mandamentos.


Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
E que triunfe a força da imaginação


Oswaldo Montenegro

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